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domingo, 18 de dezembro de 2011

Palavra Mínima: Luiz Alberto Machado e Fátima Maia

Luiz Alberto Machado e Fátima Maia revivem dobradinha no Palavra Mínima

Diogo Braz

A cena parecia já ter acontecido: sobre o palco do Espaço Cultural Linda Mascarenhas estavam Luiz Alberto Machado e Fátima Maia, no papel de protagonistas de mais uma noite do Palavra Mínima, projeto do Instituto Zumbi dos Palmares (IZP) e Cooperativa dos Músicos de Alagoas (Comusa), com apoio da Secult, FMAC, Mucom, Sebrae e Santorégano. É verdade que a dupla já havia se apresentado antes pelo projeto, mas apesar de semelhante, a cena agora traz uma pequena novidade: Se da primeira vez Luiz Alberto ficou responsável pela poesia e Fátima pela Música, desta vez, Fátima mostrou um pouco da sua produção literária e Luiz a sua produção musical.
Luiz Alberto e Fátima Maia: dupla conhecida do público - Foto de Diogo Braz

O ponto de interseção da carreira dos dois está no universo infantil: ambos desenvolvem um trabalho artístico direcionado às crianças e foi nesse cenário que a parceria se afinou, até que chegasse a duas edições no Palavra Mínima, sendo a segunda na noite de 02 de dezembro de 2011.
Fátima Maia é uma poetiza de versos com uma identidade nordestina muito forte, o que facilita ao público identificar-se com o que ela escreve. Fátima encontra inspiração no cotidiano, na sua visão de mundo e, talvez por estar habituada a trabalhar com a “contação” de histórias infantis, adquiriu um ritmo interessante para declamar seus versos adultos. Ela declarou se sentir mais à vontade nesta edição, no papel de declamadora. “Eu acho que fiquei mais solta dessa vez do que quando fiz as músicas, não foi? Eu achei maravilhoso, a reação do público foi ótima. Realmente eu não pensei nunca que estaria no palco fazendo minha poesia, e esse projeto é uma das poucas oportunidades para a gente mostrar nossa produção. Isso é super valoroso, eu fiquei maravilhada”, avaliou Fátima. A poetiza também pode mostrar um pouco do seu trabalho infantil, numa parte do espetáculo onde cantou/contou duas historinhas, nos moldes em que costuma fazer para os pequenos.
Fátima Maia com os versos à mão - Foto de Diogo Braz
Luiz Alberto subiu ao palco para mostrar a sua faceta romântica. Em mais de duas horas de música, Luiz cantou o amor, em suas diversas versões e pontos de vista e explicou que a escolha dessa temática tem, inclusive, uma função pedagógica. “Faz parte de um projeto, em que eu quero colocar a discussão do amor em outros parâmetros, porque a valorização do ser humano passa por essa contingência da delicadeza e pela condição do amor, pela forma do tratamento... As pessoas têm de ter a educação para ter uma vida a dois”, analisa Luiz Alberto. Apesar de recusar o rótulo de intelectual, o cantor produz uma música “cabeça”, cheia de referências ao pensamento de filósofos e antropólogos. “Novamente digo que é uma série de ‘amostramentos’”, brinca Luiz. “Hoje eu inventei de ser cantor e pude interpretar as minhas canções. Foi um momento muito lindo, e esse projeto que a Comusa e o IZP estão desenvolvendo nos dá a oportunidade de mostrar o nosso trabalho. É um acontecimento altamente importante”, avalia o cantor.

Luiz Alberto em sua versão romântica - Foto de Diogo Braz

O público parece concordar com esse raciocínio sobre a importância do projeto. O compositor Benedito Pontes acha que o Palavra Mínima é importante por ser uma oportunidade para descobrir talentos escondidos. “Alagoas tem dessas coisas: A gente tem os valores e esses valores não se tornam conhecidos, muitas vezes, por falta de oportunidade. Às vezes, eles se projetam até fora do estado, mas aqui... Hoje eu tive a chance de conhecer o trabalho da Fátima, que eu não conhecia, e foi uma grata surpresa. Esse projeto oportuniza que os talentos de Alagoas sejam conhecidos e que a nossa sociedade acorde para valorizar esses talentos. Eu saio daqui enriquecido”, elogiou. A pianista clássica Oriêta Feijó deseja que os artistas tenham o seu merecido reconhecimento “Eu fiquei sensibilizada por tudo que vi hoje. Gostei demais, o espetáculo me tocou bastante, espero que todos tenham muito sucesso pela frente”, torce.
Quem também aprovou foi o poeta cordelista Jorge Calheiros, que esteve presente prestigiando a dupla. “Eu já conhecia o Luiz Alberto, é um grande profissional, um artista, gosto muito das músicas dele. A Fátima eu conheci hoje e me agradei muito das poesias dela. Foi muito legal, pra mim foi ótimo, nunca mais tinha assistido um show pra gostar como esse de hoje”, elogiou.

Público aprova mais uma edição do Palavra Mínima - Foto de Diogo Braz

Engrossando a fila dos artistas na plateia, o músico Gama Junior elogiou o projeto. “É uma maravilha essa mistura de música com poesia, o que, na minha opinião, é uma coisa só. Isso traz muita paz pro ambiente, deixa todo mundo mais envolvido com a música, todos os elementos numa mesma harmonia. Foi uma noite divinal”, analisou. O músico Jurandir Bozo também se mostrou um incentivador do Palavra Mínima. “É um projeto importante porque abre mais um espaço para a arte autoral, já que a gente tem perdido esses espaços e eles são valiosos. A gente sabe que há um segmento alternativo que ainda tem um público formado por universitários e que busca esse universo do autoral, do criativo, da identidade local, mesmo que cosmopolita, então abre-se esse leque do alternativo. Mas a galera que faz uma música mais convencional e autoral fica meio sem espaço. Por isso, é muito importante trabalhar com essa música, a poesia e a poesia musicada; é um projeto formador de público e o caminho é esse: tem de se pensar projetos assim, para que eles sejam encaminhados por editais, por leis, pro Estado agraciar e abraçar essas iniciativas”, analisou Bozo.
Chegado o fim de mais uma edição, o projeto Palavra Mínima parece ter ganhado fôlego em sua reta final, restando agora dois espetáculos para seu desfecho, seguindo seu caminho bem sucedido até agora. 

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