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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Palavra Mínima: Fernando Marcelo e Maurício de Macedo

Palavra Mínima leva aos palcos a parceria sintonizada entre Fernando Marcelo e Maurício de Macedo.

Diogo Braz

Fruto de uma parceria entre Instituto Zumbi dos Palmares e Cooperativa dos Músicos de Alagoas, e com apoio de Secult, FMAC, Sebrae, Mucom e Santorégano, o Projeto Palavra Mínima continua em sua maratona de espetáculos envolvendo música e poesia no palco do Espaço Cultural Linda Mascarenhas. No dia 21 de outubro, foi a vez dos médicos Fernando Marcelo e Maurício de Macedo mostrarem um pouco de suas versões artísticas ao público.


Instrumentos esperam os artistas para operarem seus ofícios - Foto de Diogo Braz

Médicos e artistas têm algo em comum: enquanto os primeiros cuidam da saúde física das pessoas, os artistas contribuem para a saúde da alma. Quantas vezes, ao se ouvir uma boa música ou ler linhas bem escritas de poemas, sentimo-nos elevados a um estado de espírito ou transportados para um mundo de prazer estético, onde a melodia e o verso agem como um tipo de remédio, melhorando nosso humor, disposição... Do mesmo jeito que na farmacologia, nas artes existem remédios bons e ruins, e a música de Fernando Marcelo e a poesia de Maurício de Macedo enquadram-se na primeira categoria: são ótimos exemplares da arte que nos faz bem.


Sintonia no palco - Foto de Diogo Braz

O músico Fernando Marcelo coleciona em seu currículo participações em projetos como FEMUSESC, Alagoas em Cena e Palco Aberto. Acompanhado pelos excelentes músicos Tony Augusto, na guitarra, Van Silva, no baixo, e Wilson Miranda, na percussão, Fernando fez um show com ritmo e fluidez. Sua música encontra um equilíbrio interessante entre a MPB e o Pop, fazendo com que suas composições tenham potencial para agradar diversos públicos, dos apreciadores mais puristas de MPB aos ouvintes cativos de FM.
Entre uma canção e outra, o poeta Maurício de Macedo declamou suas poesias, sem recursos de dramaturgia; estava ali o verso na voz do poeta, limpo de “firulas”, numa interpretação simples, tendo apenas as palavras como veículo para os sentimentos dos versos. Isso foi importante, pois, de certa forma, o público foi induzido a apreciar a poesia em sua essência.


Poesia em busca da essência das palavras - Foto de Diogo Braz

Macedo foi feliz na escolha dos excertos apresentados, pois havia uma conexão entre os temas das canções e dos poemas, dando ao espetáculo uma noção interessante de afinidade de discurso entre os dois artistas, que foi deixada um pouco de lado em outras edições do projeto. Fernando explicou a intenção da dupla: “Essa unidade foi o nosso objetivo maior. O Maurício, ainda nos ensaios, teve a ideia louvável de pegar o vasto trabalho dele e pescar várias coisas que ele correlacionava com as letras das canções e isso terminou fazendo desse show algo homogêneo, de metáforas que fazem links, de melodia e poesia... Eu achei fantástico”. O poeta completa: “Para não ser uma mera justaposição. A gente pensou em fazer um ‘todo’ integrado, para não ser apenas um ‘todo’ justaposto, mas que houvesse entre a canção e a poesia uma ponte”.


Público aprovou o espetáculo - Foto de Diogo Braz

O poeta Ricardo Cabús, que já se apresentou pelo Palavra Mínima, aprovou a interação da dupla. “O espetáculo foi muito legal. O Fernando e o Maurício fazem uma combinação de poesia e música com um tempero bem legal. Foi uma noite divertida, foi entretenimento com qualidade, tanto na música quanto na poesia”, afirmou Cabús.
Para o professor Stefani Lins, que também esteve presente, pedindo Bis, o projeto serviu para apreciar o trabalho que já conhecia e tomar contato com outra produção artística. “Eu achei interessante essa conjugação de música e poesia. Eu não conhecia o trabalho do Fernando Marcelo ainda e hoje tive oportunidade de conhecer, mas o Maurício de Macedo sempre achei um grande poeta. Foi um espetáculo muito bom!”


Artistas/Médicos em ação - Foto de Diogo Braz

Os artistas da noite também aplaudiram o projeto. “É uma grande iniciativa. É a oportunidade de aproximar a arte de um público mais amplo e isso é valoroso, merecedor de reconhecimento. ‘Palavra mínima’ é a palavra da poesia, que a poesia é a palavra condensada, a palavra enxuta, sem nada de superficial, como se fosse um átomo em fissão nuclear. Então, eu acho que tem tudo a ver com a poesia, pela densidade e pela força que ela expressa”, elogiou o poeta Maurício de Macedo. E o músico Fernando Marcelo também encontrou bons valores no projeto. “É uma iniciativa louvável com uma abrangente força de vontade de todos os envolvidos, e eu acho que é por aí mesmo: numa cidade que tinha hoje vários outros eventos levando público a gente ainda conseguiu com que muita gente viesse para cá, que veio prestigiar e a gente sente que quem veio gostou do que viu e isso nos deixa muito satisfeitos”, conclui o músico.
Sem dúvidas, foi uma noite onde a boa música e a boa poesia foram administradas em altas doses, sem qualquer contra-indicação. 

quinta-feira, 27 de outubro de 2011


Bonecos Guerreiros do Caçuá encantam gerações no Linda Mascarenhas

Diogo Braz

Paulinho da viola, em sua Dança da solidão, deixou um ensinamento que deveria receber a atenção de todos: “Quando penso no futuro, não esqueço o meu passado”. É dessa forma que o Grupo Caçuá parece direcionar sua bússola rumo aos dias de amanhã, pautando-se numa valorização da cultura popular de raiz, aquela que esteve presente no cotidiano de nossos antepassados e que o ritmo do mundo de hoje, cada vez mais globalizado, insiste em querer nos fazer esquecer.
Somente o fato do grupo pretender resgatar a rica tradição cultural alagoana já seria motivo bastante para conferir o espetáculo “Bonecos Guerreiros”, que esteve em cartaz no Espaço Cultural Linda Mascarenhas nos dias 11 e 12 de outubro, com apoio do Instituto Zumbi dos Palmares (IZP). Além disso, o espetáculo em questão foi resultado do Projeto “A vós, avós: a voz”, da Associação de Amigos de Piaçabuçu, que recebeu o Prêmio de Inclusão Cultural da Pessoa Idosa, do Ministério da Cultura, um reflexo do profissionalismo com que o grupo encara sua produção.

Valorização da cultura popular - Foto de Diogo Braz

Dalva de Castro, membro do grupo, explica como foi o processo de montagem. “Este é um dos espetáculos do Caçuá que foram resultado do prêmio de inclusão da pessoa idosa, o que nos deu a oportunidade de trabalhar com duas mestras – no caso do espetáculo de hoje, com a Mestra Dona Lourdes, que trabalha com Guerreiro e Reisado, além de fazer bonecas de pano. Então, a idéia era juntar dois conhecimentos: a boneca de pano e os personagens, que são os brincantes do Guerreiro. Cada uma dessas figuras, no Guerreiro, tem sua história desenrolada, o que a gente fez foi conhecer essas figuras e criar uma história onde várias delas pudessem se encontrar. E isso acabou gerando um espetáculo musical”, explicou.
Em Maceió, o espetáculo estreou no Espaço Linda Mascarenhas, mas já havia sido apresentado em cidades do interior como Piaçabuçu e Traipú, onde teve boa receptividade do público. “A gente tem sido bem recebido, eu acho que os mais velhos se identificam e os mais jovens também porque o Guerreiro é uma brincadeira, é alegre, colorido, cantado, e isso acaba conectando os jovens. E o que acabou sendo uma surpresa é que o espetáculo tem encantado as crianças: onde a gente se apresentou, pudemos perceber que elas se acabam de rir, porque é o Guerreiro uma coisa leve e bonita, mas a gente não imaginou que pudesse atingir tantos públicos assim”, revelou Dalva.

Atores são brincantes no espetáculo do Caçuá - Foto de Diogo Braz
No palco, nove atores/brincantes se revezavam entre atuações, instrumentos musicais, dança e cantoria para contar a história do índio Peri, que parte numa jornada para salvar sua amada, é preso, luta pela sua liberdade e encontra personagens do folclore brasileiro. É realmente uma trama que tem o potencial para atingir vários públicos, por meio de um texto simples e didático, mas sem ser bobo. Traz um pouco da inocência de tempos em que as brincadeiras de Guerreiro eram mais presentes no nosso cotidiano, acendendo os filetes de nossa memória afetiva.
Essa brincadeira, os personagens, o ritmo das cantigas, as cores do figurino e a referência às bonecas de pano estão nas raízes do nordestino, misturando os tempos de antigamente com a atualidade. Tamires Melo, integrante da Companhia Fulanos Ih! Sicranos, que também é parceira na realização, falou sobre o trabalho do Caçuá aproximando gerações: “O grupo Caçuá tem tentado trazer essa cultura meio esquecida à tona. E o 'Bonecos Guerreiros' tem essa característica de união de gerações, é um espetáculo recheado de uma cultura que é nossa, que a gente precisa valorizar e que está aí pra todo mundo, independente da idade, absorver", explica. Dalva de Castro, do Caçuá, também destaca essa troca cultural: “Uma das coisas com a qual a gente sempre trabalha é essa coisa de misturar os conhecimentos. Então, para mim, é muito gratificante ver uma jovem cantando uma música de tradição, eu acho que isso dá uma ressignificação para a cultura popular, sem ela se tornar estanque, parada: Ela ganha novo significado e, dessa forma, a gente consegue perceber que ela não morre, na verdade ela aproxima gerações e acaba despertando para conhecimentos que às vezes estavam esquecidos”, avalia Dalva.

Espetáculo leve e colorido agrada a várias gerações - Foto de Diogo Braz
Um fato interessante é que boa parte da plateia era de guias turísticos, que foram conferir o espetáculo e conversar com o Caçuá sobre as possibilidades e formatos para apresentar esse espetáculo, tão repleto de cultura alagoana, para turistas que vêm visitar o estado e que gostariam de experimentar um pouco mais da nossa cultura popular. O debate aconteceu após o espetáculo, quando os membros do Caçuá puderam explicar como foi construído o espetáculo, a importância de preservar as manifestações culturais tradicionais e outros temas interessantes.
O público saiu de lá satisfeito. A atriz Joelle Malta, que conferiu o espetáculo, explicou o que achou dos Bonecos Guerreiros: "Eu acho interessante eles resgatarem um folguedo e é sempre bom valorizar o que a gente tem de mais precioso. Enquanto espetáculo, eu gostei muito da dramatização desse folguedo e poder conhecer um pouco mais sobre ele. Eu sou alagoana, eu conheço o folguedo, mas talvez eu conheça um pouco da apresentação, mas nem tanto da história dessa manifestação. Hoje eu pude conhecer um pouco de cada personagem e achei isso muito rico. E também gosto muito dessa mistura das linguagens, como o teatro, a dança, do canto, que o grupo apresentou e que o próprio folguedo já propõe. Foi muito bom poder ver o espetáculo e sair daqui conhecendo mais sobre nossos folguedos", explicou Joelle.

Brincadeira levada a sério - Foto de Diogo Braz
O Caçuá ainda deve apresentar o espetáculo em outros espaços, a boa resposta do público e o interesse dos profissionais do Turismo de que esse projeto seja levado adiante ficou evidente, deixando claro que devemos valorizar mais nossa cultura "de raiz" e que não podemos esquecer do nosso passado ao vislumbrar o futuro, como diria a velha canção. 

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Palavra Mínima: Fatima Maia e Luiz Alberto Machado

Luiz Alberto Machado e Fátima Maia apresentam sua produção “não-infantil”

Diogo Braz

       Dia 7 de outubro, no Espaço Cultural Linda Mascarenhas, aconteceu mais uma edição do projeto Palavra Mínima, desta vez trazendo a música de Fátima Maia e a poesia de Luiz Alberto Machado. O projeto, que é realizado pelo Instituto Zumbi dos Palmares (IZP) e a Cooperativa da Música de Alagoas (Comusa), com o apoio de Secult, FMAC, Sebrae, Mucom e Santorégano, vem apresentando ao público uma boa amostra da produção alagoana de poesia e música.

Maia e Machado "para maiores" - Foto de Diogo Braz

Conhecidos no cenário artístico pelos trabalhos direcionados para o público infantil, Luiz Alberto Machado e Fátima Maia tiveram a oportunidade de mostrar o lado mais adulto de suas obras. Foi a primeira vez que Fátima apresentou um show com suas composições “não-infantis” ao público, e parece ter agradado.
Acompanhada por Eduardo Beder no Violão, Caco Vital e Paulinho Keita na percussão e André Barbosa no cavaco, Fátima mostrou canções que flutuaram entre o Baião e o Chorinho. “Meu repertório é formado pelo Xote, o Baião, o Samba, aquela MPB com mais ginga, com mais balanço... Mas eu já compus até Tango e Ópera. Tem muita coisa ainda pra mostrar!” revela a eclética Fátima. Sua inspiração vem do cotidiano “Eu me inspiro nas coisas do dia a dia. Essa música mesmo que eu apresentei hoje, ‘Vovó danada’, surgiu das minhas experiências pessoais, quando eu me vi trabalhando, estudando e desempenhando o papel de avó, percebendo que hoje as vovós mudaram, não é? São momentos da minha vida mesmo. Numa simples caminhada pela praia eu posso observar algo que serve de inspiração pra uma música”, explica a cantora.
Fátima Maia e suas composições cheias de ginga - Foto de Diogo Braz

Animado com o gingado das composições, o público aplaudiu, pediu bis e até cantou os versos de algumas canções, conhecidas de festivais de música no estado. Quando enveredou pelos ritmos nordestinos, a cantora se saiu ainda melhor, botando a audiência para se balançar nas cadeiras do Espaço Linda. O jornalista Erik Maia (que, apesar do mesmo sobrenome, não é parente de Fátima) esteve presente e elogiou. “Foi muito bom, o show tem aquele clima ‘festa na casa da gente’, entende? Eu acho isso fantástico, valeu o registro... E fica aqui a minha cobrança: Vamos gravar esse CD, Fátima Maia! Deu pra ver que as músicas estão todas formatadas, ta tudo pronto! Vamos lá!”, pediu Erik.

Samba, Xote e Baião: diversidade de ritmos - Foto de Diogo Braz
Um pouco nervosa no início da apresentação, Fátima foi se soltando e mostrou que a investida desse seu trabalho nos palcos pode gerar respostas bem interessantes da plateia. Diante da boa recepção das pessoas, a cantora terá de arranjar tempo para se desdobrar entre as canções infantis e seu trabalho para adultos. “Eu fiquei muito feliz com a receptividade do público. Já tinha vindo a outros momentos do Palavra Mínima e estou muito satisfeita e feliz, esse projeto é uma realização muito importante para o artista alagoano. Dia 2 (de dezembro) estaremos de volta, com Luiz Alberto fazendo a música e eu fazendo poesia. Vai ser o momento de mostrar esse meu lado poeta”, adianta Fátima Maia.
Júlio Campos e Carolina Leopardi: Especiais - Foto de Diogo Braz

O show contou com a participação especial do músico Júlio Campos e da cantora Carolina Leopardi, que cantou uma composição sua, intitulada “Dura pra danar”. “Eu tenho assistido os shows do Palavra Mínima e gostei muito de todos. Na primeira vez que eu vim assistir, encontrei com a Fátima, que eu já conhecia antes, e ela me convidou pra fazer essa participação especial. E eu fiquei muito feliz por ela me dar essa chance de cantar uma música minha no show dela dentro do projeto, que é um momento muito fértil dentro do cenário alagoano. Participar de toda essa movimentação é bastante interessante”, afirmou Carolina.

Luiz Alberto Machado e os "amostramentos" transcendentais - Foto de Diogo Braz
 Entre as canções, o público pode escutar um pouco da poesia de Luiz Alberto Machado, em versos que em nada lembram o personagem Nitolino, com o qual Luiz desenvolve um trabalho infantil, que envolve música, literatura e teatro. É uma poesia madura, repleta de filosofia, questões existenciais, amor, solidão e uma dose apimentada de loucura. “Eu costumo dizer que minha produção literária é uma série de ‘amostramentos’ transcendentais e alguma loucura de uma maldição que talvez caua na minha lucidez, é a minha forma de detectar a minha realidade; e eu trabalho isso: o meu tempo e a minha terra, toda minha produção é voltada para uma reflexão acerca disso”.
Poeta de versos extensos, Luiz Alberto vê na palavra não só a forma de se comunicar, mas a maneira que ele encontrou para ser, existir. “Eu vivo brigando com a palavra todo dia e na maioria das vezes ela ganha”, brinca. “Eu me satisfaço com o pouco que eu consigo reunir dentro do processo de criação, dentro da forma de se dizer alguma coisa, e é preciso se dizer alguma coisa, como aquele texto bíblico diz: ‘A boca fala do que está cheio o coração’, então quando o coração está cheio, é preciso recorrer à palavra para decodificar a realidade, que visão nós temos da nossa transcendência e da nossa imanência. E se a palavra for mínima é melhor ainda: simples, suscinta e direta.”, resumiu o poeta.

Luiz Alberto no domínio do palco - Foto de Diogo Braz

Com vasta experiência de palco, Luiz Alberto serviu também como uma espécie de mestre de cerimônias da noite, declamando as poesias, apresentando as canções de Fátima e explicando as intersecções entre a sua poesia e a música de Fátima. Suas declamações tinham um quê de dramaturgia, a voz cheia de noção cênica carregava as emoções das palavras, o que acabou incitando uma resposta boa do público presente.
Ao final do espetáculo, o poeta comemorou. “Hoje eu também fui platéia. Eu recitei uns poemas, mas eu sabia que a Fátima Maia precisava dessa oportunidade. Eu já conhecia o trabalho dela e já sabia que é muito legal... não só eu, mas um bocado de gente como o Quinteto Violado já conhecia. Mas ela nunca tinha tido oportunidade de levar essas canções para o palco, e isso pra mim foi uma felicidade, pois ela ainda me colocou como diretor do espetáculo. E eu sou um fã, um admirador do trabalho dela, então isso ainda ficou mais legal, foi uma festa”, elogiou Luiz Alberto.
A dupla ainda subirá ao palco do Espaço Linda Mascarenhas no dia 02 de dezembro para apresentar novo espetáculo pelo projeto Palavra Mínima, dessa vez mostrando a música de Luiz Alberto Machado e a poesia de Fátima Maia. Resta agora aguardar novamente pela dupla, em funções diferentes.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Divulgação: Palavra Mínima com Fátima Maia e Luiz Alberto Machado

Palavra Mínima traz música de Fátima Maia e poesia de Luiz Alberto Machado

Diogo Braz

O Projeto Palavra Mínima, uma realização do Instituto Zumbi dos Palmares e da Cooperativa da Música de Alagoas, continua a sua maratona de apresentações nesta sexta, dia 7, com o show musical de Fátima Maia e a poesia de Luiz Alberto Machado.
O espetáculo começa às 20 horas, no Espaço Cultural Linda Mascarenhas.

Fátima Maia
Escritora, compositora e Poeta, Fátima vai se apresentar pela primeira vez interpretando suas canções com um repertório que varia do samba ao romântico. Autora da música tema do programa infantil Caralâmpia, da TV Educativa de Alagoas, e de livros e CDs como “Criar e Recrear”, gravado pelo Quinteto Violado e indicado ao premio Sharp de música. Foi também finalista dos festivais, Canta Nordeste e MPB SESC/PB.

Luiz Alberto Machado
O plural Luiz Alberto Machado é músico, escritor, compositor, radialista, editor do Guia de Poesia do Projeto SobreSites do Rio de Janeiro e cônsul em Alagoas do Poetas del Mundo. Entre sua produção literária estão 6 livros de poesias, 7 infantis e 2 de crônicas. Também desenvolve um trabalho musical, com diversas músicas gravadas por novos nomes da música brasileira, e um trabalho voltado para o público infantil, no qual se apresenta caracterizado como o personagem Nitolino.

No dia dois de dezembro, Fátima e Luiz Alberto retornarão ao palco do Linda Mascarenhas, dessa vez invertendo os papéis. Uma parceria que merece ser conferida.

sábado, 1 de outubro de 2011

Palavra Mínima: Deyves e Gal Monteiro

Deyves e Gal Monteiro apresentam toda sua multiplicidade e ecletismo no Palavra Mínima

Diogo Braz

O Projeto Palavra Mínima continua brindando o público com ótimas amostras da rica cena cultural alagoana. Realizado pelo Instituto Zumbi dos Palmares (IZP) e pela Cooperativa dos Trabalhadores da Música de Alagoas (Comusa), o projeto tem a premissa de unir num só palco duas linguagens parceiras: a música e a poesia. Nada melhor que personalizar esse encontro na parceria-amizade entre Gal Monteiro e Deyves.


Deyves em ação - Foto de Maria Tereza Pereira

Ímpares, múltiplos, os dois têm peculiar versatilidade artística que marca positivamente a produção de ambos: Um é músico, cantor, compositor, poeta, artista plástico; a outra é cantora, compositora, poetiza, jornalista, apresentadora, corista... Essa multiplicidade dá tons interessantes no trabalho dos dois. A dupla possui química no palco, fruto de longa amizade, que surgiu ainda nos tempos de faculdade, por causa de outra linguagem artística. “A gente já se conhecia por causa do teatro. Eu e Deyves também militávamos no Movimento Estudantil, e daí a gente foi fazendo essas conexões. Eu diria que a gente é companheiro de vida e arte, tem uma coisa de fidelidade nessa amizade de tantos anos, além dessa interseção na arte, que é uma coisa que junta tudo”, define Gal Monteiro. Hoje, militam nas artes e demonstram um forte senso de engajamento com as suas produções. Mesmo com toda a multiplicidade, não são do tipo que se propõem a fazer algo mal feito. Isso, por si só, já é garantia de um ótimo espetáculo!


Música e poesia - Foto de Diogo Braz

O modelo da apresentação foi semelhante às apresentações anteriores do projeto, mas Deyves e Gal Monteiro ousaram um pouco mais: Gal recitou poesias por entre o público, sentou-se à beira do palco, trocou o figurino; e Deyves teve seu momento “solo”, na ausência da poetiza, acompanhado somente pelos ótimos músicos Van Silva (baixo), Toni Augusto (guitarra) e Auderi Santana (percussão). Os três fizeram bonito, acompanhados por Deyves ao violão. Santana, mais conhecido na cena musical pelo apelido “Batata”, manteve o ritmo com simplicidade e criatividade; Van Silva tocou com a característica elegância de timbre e arranjos; e Toni Augusto desfilou sua virtuosidade com pleno domínio da guitarra. Deyves não poupou elogios ao grupo: “Eu gosto muito de tocar com esses caras, que sempre me dão o prazer da companhia. Sempre que eu faço algum trabalho, o meu amigo Van está junto. O Batatinha quase sempre toca comigo também. O Toni Augusto, apesar de muitos tempo que nos conhecemos, essa é a primeira vez que eu terei o prazer de fazer um trabalho meu com ele. São todos ótimos músicos”, comentou.
Subvertendo padrões de um projeto que privilegia a palavra, o show começou com uma ótima composição instrumental de Deyves, cheia de fraseados com potencial para serem assoviados por várias semanas. Se fosse possível descrever a música de Deyves em uma palavra, ela seria “eclética”. São composições que passeiam com desenvoltura pelo Xote, Blues, Chorinho, Samba, mas que mantêm uma identidade própria entre elas. “É tudo misturado mesmo, né? É parecido comigo!”, falou o músico, sorrindo.


A eclética música de Deyves - Foto de Diogo Braz

Deyves soube escolher o repertório, guiando o público primeiramente por territórios sonoros mais inusitados, para depois repousar no conforto de sambas com pegada de Noel Rosa, uma das referências declaradas do músico “Eu acho que o samba é o que me chama, o que me fascina. Mesmo quando eu fiz shows nessa linha mais Pop, sempre colocava um Samba de Noel Rosa, porque eu sou grande fã de Noel Rosa. E atualmente eu tenho enfatizado mais a questão do samba”, declarou Deyves.


Andréa Laís interpreta Ponto de equilíbrio - Foto de Diogo Braz

Outro ponto certeiro foi a participação da cantora Andréa Laís. Dona de uma linda voz, afinada, e com presença elegante e tranquila em cena, Andréa tornou ainda mais bonita a canção “Ponto de equilíbrio”, composição de Deyves. A cantora arrancou aplausos da plateia e se mostrou como uma nova promessa da cena musical alagoana. Andréa Laís explica a parceria e elogia a iniciativa do projeto: “Desde o ano passado, eu e o Deyves estamos fazendo uma parceria contínua. Em novembro eu fiz um show no Quartas Musicais do Sesc que se chamava ‘Ponto de equilíbrio’ e era baseado nessa canção que eu cantei hoje. Eu fiquei muito feliz pelo convite, porque esse é um projeto com a proposta fantástica, que pode contribuir muito pra nossa cena cultural”, comentou.
Durante o show, Deyves e Gal apresentaram algumas de suas parcerias musicais, algumas tocadas e outras apenas declamadas. “Eu lembro da nossa primeira música. Eu acordei 5:30hs da manhã com essa ideia meio latina na cabeça. Aí, uma 7hs eu estava casa da Gal, antes dela sair pro trabalho, e ela começou a fazer uma letra encaixando na métrica... E esse foi o nosso primeiro trabalho. Hoje nós temos umas dez ou doze canções juntos”, lembra Deyves. Gal explica como se dá a parceria. “Como eu não toco, eu ficava cantarolando a melodia pra não esquecer, aí corria até ele, ele pegava o violão... às vezes eu chegava na Residência Universitária, correndo da rua, e chegava ‘Deyves, Deyves, eu tenho uma ideia aqui’ e era o mote pra ele harmonizar tudo. E daí nascia uma canção”, recorda.


A poesia da múltipla Gal Monteiro - Foto de Diogo Braz

Gal Monteiro fez intervenções poéticas ecléticas, mas o tema mais recorrente foi o romantismo, sem ser piegas, um romantismo carregado de versos sensuais, no ritmo e nas palavras. Talvez o fato de se sentir à vontade no contato com o público como apresentadora de rádio e TV a tenha preparado, ao longo do tempo, para interpretar seus poemas com uma desenvoltura que cativou a plateia. Entre os textos, algumas letras de música e trechos do seu livro de contos “Se eu calar você me esquece, se eu contar você me abraça”, cujas palavras fluem na leitura e encontram também um ritmo poético. “Eu adoro escrever, mas eu não me digo escritora, pois eu acho que para me auto-intitular ‘escritora’ eu teria de ler muito mais do que eu já consegui ler... então eu digo que sou uma aspirante a escritora. Adoro literatura, então eu me sinto muito bem escrevendo. E coincide que, para ser jornalista, a pessoa tem de gostar de ler e escrever...uma coisa meio que combina com a outra, a literatura e o jornalismo.”, explica a modesta poetiza.
Acostumada a parcerias, seja compondo ou mesmo em coral, Gal Monteiro vê nessas oportunidades a possibilidade de compartilhar a sua arte. “Eu adoro essa coisa de construir junto, essa coisa de entrar um elemento, depois outro, as contribuições vão se juntando e, quando você vê, cria-se uma harmonia linda. E eu sei que tudo está afinado quando me arrepia. Aí eu já sei que está no ponto”, explica Gal.
O público parece ter se arrepiado com o espetáculo da dupla, que teve direito a Bis, pedido de pé pelo público que aplaudia. “Eu gostei bastante do show, foi uma oportunidade única de conhecer mais as poesias da Gal, já conhecia algumas canções do Deyves e fiquei conhecendo outras... foi maravilhoso!”, aprovou a comunicóloga Danielle Cândido, que prestigiou o espetáculo.
Com a aprovação do público, ficou no ar a sensação do dever cumprido. Mais uma vez, poesia e música juntaram-se para proporcionar duas horas de boas atrações na semana, no palco do Espaço Cultural Linda Mascarenhas. Só resta esperar pelo próximo show, que acontecerá na sexta, dia 7 de outubro, com Luiz Alberto Machado e Fatia Maia. Imperdível!