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sábado, 30 de julho de 2011

Projeto Palavra Mínima: João Albrecht e Ricardo Cabús


Projeto destaca a palavra com junção de música e poesia no Linda Mascarenhas
Diogo Braz

A palavra a serviço da arte, por mínima que seja, desperta a imaginação de quem com ela entra em contato. Seja declamada, cantada ou escrita, a palavra parece brincar na mente dos que a absorvem, bela, encantada. Na música e na poesia, a palavra, por mais singela que possa ser, tem o seu destaque. Foi o que se pode perceber na última sexta (29), no Espaço Cultural Linda Mascarenhas, durante a estreia do projeto Palavra Mínima, idealizado pela Cooperativa dos Músicos de Alagoas, Comusa, e realizado em conjunto com o Instituto Zumbi dos Palmares, IZP.
A expectativa era grande. No palco, a música de João Albrecht e a poesia de Ricardo Cabús serviram para demonstrar o bom entrosamento dessas duas linguagens que privilegiam a palavra. Num formato que se reveza em declamações e show musical, o projeto mostrou ainda mais sua graça quando foram apresentadas as poesias que se uniram à música e viraram canção.



João Albrecht, dono de uma presença serena e voz suave, desfilou uma série de ótimas composições, suas e de artistas alagoanos, acompanhado pelos talentosos Alexandre Rodas (violão solo), Anderson Almeida (baixo) e Wilson Miranda (percussão). Desde o primeiro momento, podia-se perceber que se tratava de um show preparado com o esmero de profissionais gabaritados. A longa trajetória de Albrecht na música proporcionou a formação de um repertório bem coeso, cheio de melodias conhecidas pelo público presente, que aplaudia ao reconhecer os primeiros acordes de algumas canções. “É um repertório autoral, com músicas minhas e de alguns compositores aqui de Alagoas, com esse bate-bola com a poesia do Ricardo Cabús. Mas não é nada temático, a gente fala de tudo um pouquinho. É uma felicidade e, ao mesmo tempo, é um desafio muito grande, porque não há um parâmetro, já que a gente é o primeiro (show do projeto), mas, pelo que rolou nos ensaios, o clima está muito legal, a gente está se dando muito bem com essa interação com a poesia”, confessou o cantor pouco antes de subir ao palco. E o resultado dessa “tabelinha” realmente agradou. Sóstenes Lima, presidente da Comusa, também destacou a relação dessas manifestações artísticas: “A gente já acreditava que poesia e música têm uma inter-relação muito grande e isso ficou provado. O desempenho do João, na música, e do Ricardo, na poesia, ressaltou ainda mais essa crença de que são duas linguagens e uma só expressão”, avaliou.



Com as palavras à mão, mais precisamente em seu livro “Cacos inconexos”, o qual foi o fio condutor das leituras do espetáculo, o professor e poeta Ricardo Cabús estava à vontade no palco, segurança fruto de anos à frente do projeto “Papel no Varal”. Entre as poesias declamadas estavam sua única poesia sobre Maceió até agora, duas versões de uma poesia encomendada sobre a lua e várias sobre o amor, do mais romântico ao mais erótico. Entre alguns goles de cachaça, Cabús aquecia a garganta e destilava palavras cheias de calor, um traço marcante de seus versos. O poeta já recebeu elogios de mestres da palavra, como Arriete Vilela, que classificou sua poesia como “inteligente, inquietante e ardilosa”, e de Lêdo Ivo, que destacou a visão imediata de seus textos. No espetáculo, Ricardo Cabús fez leituras também de outros poetas. “É uma série de poemas meus que estão no ‘Cacos inconexos’ e de alguns poemas traduzidos de autores de língua inglesa e espanhola. E há a interação com a música do João... inclusive fizemos uma canção nova, o João musicou um poema meu e o público pode presenciar hoje, em primeira mão”. Trata-se da canção “Um beijo”, que você também pode conferir aqui:



Ricardo Cabús aprovou o projeto. “É uma ideia excelente: a gente conseguir trazer para o palco música e poesia em conjunto, em 15 espetáculos. Isso é algo muito significativo em qualquer lugar do mundo. Eu tenho muito orgulho de ser alagoano e estar dentro desse projeto”, elogiou. O diretor do Espaço Cultural Linda Mascarenhas, Júnior Almeida, destacou a importância da iniciativa: “sempre que você coloca vários artistas para mostrarem o seu produto, seu trabalho, eu acho que isso tem uma importância imensa num lugar onde a gente tem uma grande dificuldade de espaço. Então cada vez que eles se encontram, é sempre válido”, avaliou.
Marcelo Sandes, presidente do Instituto Zumbi dos Palmares também aprovou: “É um projeto que tem tudo a ver com o IZP, com o Espaço Linda Mascarenhas, porque é fruto de uma parceria muito bem articulada com a Comusa e envolve artistas, compositores, músicos, poetas... e a gente estima que esse projeto tenha fôlego longo e nós vamos dar todo o apoio nesse sentido, para que novas edições aconteçam”, afirmou.



Logo após a apresentação de João Albrecht e Ricardo Cabús, que teve direito a bis, a cantora e membro da Comusa, Irina Costa, comemorou a estreia: “A gente começou com o pé direito, fez bem pra alma. Eu acho que todos gostaram, houve muita interação. O público escutou boa música e ótima poesia”.
O projeto Palavra Mínima acontecerá todas as sextas, às 20 horas, no Espaço Cultural Linda Mascarenhas, até dezembro, sempre com uma atração musical e outra poética, mostrando que a palavra a serviço da arte, por mínima que seja, pode alcançar grandes resultados. Confira o vídeo sobre a estreia do projeto Palavra Mínima:

  * Fotos de Irina Costa