Laboratório de estética sonora
Mostrando a música contemporânea,
LAB se firma como um dos grandes festivais de Maceió
Diogo Braz
Não é de hoje que os festivais musicais movimentam a produção e os
cenários culturais dos locais onde acontecem. Há várias décadas, essas festas
da música têm se destacado como oportunidades para que artistas e público se
encontrem. Talvez, o que tenha mudado desde o surgimento dos festivais é que
eles têm, cada vez mais, segmentado-se. Se o discurso do “não existem mais
festivais” ainda ecoa por entre os mais desavisados, em Maceió eles têm dado
gás aos artistas independentes e a um público seletivo, que se acostumou a
atrações alternativas de qualidade. Os eventos que mais se destacam são o
Maionese e o LAB, ao lado do recém-estreado Rock Cordel, patrocinado pelo BNB.
Sintonizado com as demandas do
cenário local, o Espaço Cultural Linda Mascarenhas tem firmado parcerias com
esses produtores, ampliando ainda mais o efeito cultural desses acontecimentos
no público alagoano. Em setembro, o Espaço Linda abrigou as oficinas culturais
do Rock Cordel. Em novembro, irá abrigar algumas das oficinas do festival
Maionese. Este mês de outubro, firmou parceria com os realizadores do festival
LAB e abriu as portas para a boa música contemporânea.
No dia 07 de outubro, houve a primeira prévia do LAB, no Espaço Linda
Mascarenhas, com shows do carioca Momo e do uruguaio Franny Glass. O LAB é um
evento já consolidado na cidade, principalmente pela sua proposta estética de
compor um lineup repleto de referências
contemporâneas do mercado musical alternativo. O primeiro passo desta edição não
poderia ter sido mais firme: com dois shows belíssimos, deixou o público que
lotou o Espaço Linda encantado e com aquele gostinho de quero mais.
Momo - Foto de Diogo Braz |
Momo
O carioca Marcelo Frota é o criador desse projeto de um homem só
chamado Momo. Em sua música há uma melancolia recoberta por melodias tristes bem
trabalhadas e uma voz calma e suave. Momo, que sempre faz shows acompanhado por
sua banda, apresentou-se em formato voz e violão, presenteando a plateia com um
raro e belo momento em sua carreira. Ex-integrante da banda Fino Coletivo (que
tem em sua formação alguns alagoanos), Momo revelou que sempre quis tocar em
Maceió. “Na verdade, estar aqui é a realização de um sonho mesmo. Eu escuto
falar de Maceió desde que eu conheci o Wado, em 2001, e também com o pessoal do
Fino Coletivo. Eu sei muita história daqui, dos bairros, das praias... isso já
estava no meu imaginário. Eu estou muito feliz de poder tocar aqui”, explicou.
Acompanhado somente pelas seis cordas, Momo deixou muitos dos
presentes emocionados ao cantar sucessos de sua discografia, como a canção Tempestade.
Para o cantor, os festivais independentes proporcionam momentos importantes
para público e artistas. “Eu acho os festivais fundamentais para que as bandas viabilizem
os seus trabalhos. Eu cresci vendo muita gente tocar em festival, eu era
moleque e pensava ‘um dia quero tocar nesse festival também’. Esses eventos
potencializam, colocam uma semente na cabeça do artista, do músico. Então, é a
possibilidade da coisa começar a acontecer”, avalia.
Franny Glass - Foto de Diogo Braz |
Franny Glass
O uruguaio Gonzalo Deniz é um festejado nome da música uruguaia.
Integrante da banda Mersey, o jovem cantor e compositor se lançou em um projeto
solo chamado Franny Glass, em alusão a personagem de um romance de Salinger.
Com três discos lançados, assim como Momo, Franny Glass está mais habituado ao
formato voz e violão: assim é gravada a maioria de suas canções. Belas canções,
bem trabalhadas, sutis, com letras que versam sobre o cotidiano, retratando a
paixão de Gonzalo por livros, canções e cinema.
Tímido e simpático, o músico se encantou por Maceió. “Eu estou muito
contente por estar em Maceió, por conhecer a cidade. Tudo o que vi é muito
bonito, as pessoas são muito amigáveis”, elogiou.
Sobre o show, Franny Glass soube cativar o público de canção em
canção, deixando uma recíproca boa impressão sobre a apresentação. “O show foi
super bom, tinha bastante gente, todos aplaudiram, fizeram silêncio. Foi uma
plateia bonita”, avaliou. “Eu não sabia o que esperar, essa foi minha primeira
vez aqui. A gente sempre espera uma boa reação e deu tudo certo”. Ao cantar a
sua versão para a canção “Esquadros”, de Adriana Calcanhotto (com qual ele
participa de um disco-tributo latino americano à cantora), Franny Glass fez o
público vibrar. “Eu participei desse disco por meio de um amigo, o Rodrigo
Maceira, que me levou para tocar em São Paulo algumas vezes. Ele falou sobre
esse tributo a Adriana, disse que a ideia era convidar bandas e artistas que poderiam
soar interessantes interpretando Adriana Calcanhotto. A partir daí, eu comecei
a escutar muito o trabalho dela e também mais música brasileira. Escolhi essa
canção, mas nem sabia que era um clássico tão grande dela”, revela.
Sobre festivais como o LAB, Gonzalo também acredita que são ambientes
importantes para artistas e público. “A internet possibilita que a gente seja
compartilhado e que possa tocar em festivais em locais incríveis que a gente
nunca pensou que poderia tocar. E graças a isso eu conheci muitos músicos de
outros países, que não teria conhecido de outra maneira. Proporciona uma
integração e nos deixa mais atentos ao que se passa internacionalmente”,
explica.
LAB
Depois de uma noite com dois shows memoráveis, o LAB terá uma segunda prévia
hoje, 20 de outubro, às 20hs, novamente no Linda Mascarenhas, com shows
concertos de Lise + Barulhista e Ruído/mm. Imperdível!
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