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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Prévia do Festival Lab

Domingo memorável para a cena Indie maceioense

Diogo Braz

Quem esteve no Espaço Linda Mascarenhas durante a prévia do Festival Lab descobriu uma fórmula simples e eficaz para transformar o domingo no melhor dia da semana: pessoas interessantes reunidas para curtir boa música a todo volume. Nada lembrava o enfadonho clima de final de tarde dominical, a não ser o pouco movimento de carros na Avenida Fernandes Lima. No hall do Espaço Linda, as projeções de vídeo na parede adiantavam um pouco do que seria mostrado no palco: jovens em camisas xadrez, guitarras em punho, as peles de bateria sendo “espancadas” como numa avalanche e pessoas – muitas pessoas – dançando! Toda aquela energia rebelde que no início dos anos 2000 era transformada em belas canções amarguradas e tristes de Indie Rock parece estar dando espaço para uma música alegre, de ritmo dançante que mostra que a vida também pode ser uma festa.

Hall do Linda Mascarenhas no clima Indie

Lab: Desenhando uma cena para a cidade

O Lab é um festival maceioense de “música contemporânea” que chega a sua terceira edição este ano, começando a firmar seu nome com uma reputação impecável dentro e fora do estado. O sucesso da empreitada é fruto de trabalho dos produtores Victor Almeida e Vanessa Mota, e de uma escolha sempre certeira de line up, com atrações que, nem sempre são a ponta do iceberg, mas que apontam a tendência sonora daquele momento específico, aproveitando para aquecer a nossa cena musical. “Embora não tenha tanta tradição quanto outros festivais aqui do Nordeste, esse é um trabalho que a gente vem fazendo aos poucos – assim como o pessoal do Festival Maionese – e a gente vê que esse trabalho de formiguinha está fazendo mudar alguma coisa aqui em Alagoas”, comemora Victor.

Holger botando o público de pé
Este ano a novidade do Lab é que o evento contou com uma prévia à altura do festival, com atrações ideais para esquentar o clima festivo para o próximo dia 27 (data marcada para a terceira edição do Lab). “A gente tentou expandir um pouco a ideia do festival e fazer do Lab um evento que tivesse um calendário mais extenso, e a gente pensou em fazer uma espécie de aquecimento, para agregar mais bandas e mais coisas”, explicou o produtor. Para Luiz Roberto Farias, membro do Coletivo Popfuzz, que também atua nessa construção da cena musical da cidade, “hoje em dia, junto do Maionese, O Lab é o evento que se preocupa em realmente mostrar musica autoral aqui em Maceió, um dos poucos que não tem interesse simplesmente comercial e tem uma preocupação estética com a música”, avalia.

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My Midi Valentine: 8-bit catártico made in Arapiraca


Marcos, Tales e seus apetrechos eletrônicos

Inaugurando a prévia do Lab, subiu ao palco do Linda Mascarenhas o My Midi Valentine. Formado por Marcos Cajueiro e Tales Maia, o duo arapiraquense executou com destreza sua proposta de levar aos palcos uma sonoridade pautada no som 8-bit de sintetizadores e videogames oitentistas. A parafernália instrumental no palco construía aquele ar sempre inusitado das apresentações dos dois músicos, que revezavam os instrumentos entre e durante as canções. Bem à vontade, Marcos e Tales brincavam com a plateia, interagindo com o público enquanto calibravam seus apetrechos eletrônicos. A presença espontânea deles não deixou que pequenos problemas técnicos estragassem a apresentação, ao contrário, os músicos souberam transformá-las num elemento positivo, como quando Marcos, no final do show, quebrou o teclado do computador que insistia em falhar, fazendo com que a cena entre na história da banda como o seu final mais catártico de uma apresentação.

My Midi Valentine apresentando material do novo disco

O show teve foco no repertório do disco que o My Midi Valentine deve lançar ainda este ano. “A gente tocou basicamente só músicas do CD novo, pra testar mesmo, ver como ele ia funcionar. É o nosso primeiro trabalho assim com mais músicas, são quinze faixas, e nós estamos na pressão agora pra finalizar os detalhes e poder lançar ele logo”, anuncia Marcos Cajueiro. Seu companheiro de banda, Tales Maia também avaliou a apresentação como uma boa oportunidade para testar o novo material. “Houve uns problemas técnicos, mas foi massa! A gente teve pouco tempo pra ensaiar, pra transpor o que a gente fez no disco pra o palco. Ainda estamos acertando isso pra ficar cada vez melhor. Mas foi um show legal pra ver como é que tudo fica ao vivo”, avaliou.

Team Radio: Post-Rock em performance intimista


Team Radio e o show mais intimista da noite

Depois dos arapiraquenses, foi a vez da banda recifense Team Radio, que mostrou sua música com ênfase instrumental de influências Post-Rock, com destaque para as guitarras distorcidas e cheias de efeitos. A banda fez bonito, num show cheio de ambiências sonoras. Formada por Roberto Kramer (guitarra), André Maranhão (baixo), Arthur Bonfá (bateria), Marina Silva (voz e teclado), Thiago Gadelha (guitarra), o grupo já havia se apresentado em Maceió no Festival Maionese deste ano e agradou o público maceioense, com um show de performance mais intimista. “As duas vezes que a gente veio aqui foram em eventos que foram um sucesso, então que continue assim. Basta chamar que a gente virá mais vezes a Maceió”, avisa Roberto Kramer. Já habituados com o circuito dos festivais, a banda avalia a participação em eventos como a prévia do Lab. “Quando você toca em festivais é tudo mais corrido do que quando você faz um show seu, mas o clima dos festivais é muito mais empolgante”, explicou o guitarrista. A Team Radio também se prepara para lançar material novo, um EP com cinco faixas instrumentais, que deve sair em outubro deste ano numa parceria entre o selo paulista Sinewave e o selo alagoano Popfuzz.

Som com destaque para as guitarras

Holger: energia contagiante num show impecável

Holger fez bonito em sua primeira vez em Maceió
A terceira e última atração da noite era a aguardada banda paulistana Holger, que já encantou meio mundo com seu som descrito como uma mistura de Axé, Música eletrônica e Indie Rock. Formada por Pepe, Rolla, Pata, Tché e Arthur, a banda, que já participou de importantes festivais de música independente do mundo, como o South By Southwest (EUA) e Pop Montreal (Canadá), aterrissou em terras alagoanas para fazer um show impecável, com energia e espontaneidade que fizeram suas canções soarem ainda melhores que no disco, contagiando toda a plateia, que dançou como se o teatro tivesse se transformado numa grande boate. “Toda primeira vez que a gente toca em uma cidade é muito empolgante, e a gente costuma dar uma força extra, porque é quando a gente começa a formar um público na cidade. Se, de duzentas pessoas, duas gostarem, da próxima vez elas vão levar duas amigas e assim vai crescendo”, explicou Pepe. O clima antes do show demonstrava bem a empolgação da banda: “Realmente, a gente quer dar a melhor noite que a gente possa dar pra Maceió, a gente quer ser lembrado aqui, quer uma escultura nossa...”, antecipava o espirituoso Pata.

O dia em que o Espaço Linda virou uma boate

Com certeza, quem presenciou o show irá guardá-lo na memória por um bom tempo. No palco, o Holger não obedece a um padrão de formação, todos os músicos tocam praticamente todos os instrumentos e se revezam a toda hora, dando uma dinâmica interessante ao show. A percussão é um ponto forte das canções da banda, é um som que suscita a dança, próprio para festas e celebrações. Elétricos e carismáticos, os cinco integrantes conseguiram estabelecer uma sintonia com o público logo na primeira canção. “Achei a prévia do Lab genial. Os meninos da Holger são ótimos no palco, criativos, interativos... E gostei do line up da noite por trazer, digamos assim, um representante da cena independente local, regional e nacional”, avaliou a jornalista Suzana Gonçalves, que estava presente.

Bom humor e revezamento de instrumentos no palco

O Lab e os frutos de um domingo de boa música

Para Pata, do Holger, festivais como o Lab ajudam na construção da cena musical do Brasil. “Em várias cidades, pessoas que começaram a fazer festival e esse festival trouxe mais público, começaram mais bandas... é todo um ciclo. A gente conhece pouco de Maceió, mas a gente vê o Lab se encaixando exatamente nisso, na criação de uma cena, e a gente se sente honrado e feliz de participar dessa criação e apoiar isso”, analisa.

Público aprovou a prévia do Lab

A prévia do Lab foi uma empreitada exitosa. De volta ao Espaço Linda Mascarenhas, onde aconteceu a primeira edição do festival, o Lab ganhou gás para sua terceira edição, que acontecerá no próximo sábado, dia 27 de agosto, no Armazém Uzina, a partir das 21hs. “O Linda foi a primeira casa do Lab, e a gente está nessa nostalgia, de estar voltando um pouco às origens, agora num show com outra proposta. É um prazer fazer essa prévia aqui. No dia 27 a gente vai ter show da Hoping to Colide With, de São Paulo, Herod Layne, também de São Paulo, Constantina, de Minas Gerais, e o show do Wado (de Alagoas), completando 10 anos”. Se a prévia do Lab foi assim, então é bom se preparar para mais uma noite memorável de boa música.

* Fotos de Diogo Braz

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