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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Oficina de Grafite com o Estúdio Reca

Oficina do Estúdio Reca traz o grafite para o Linda Mascarenhas

Diogo Braz
Fotos de Lays Peixoto, exceto foto de divulgação d'Os Gêmeos

Viver em um meio urbano hoje em dia parece requerer um adestramento dos olhos, para que esses se acostumem a um certo caos visual. Talvez seja o ritmo acelerado com o qual as cidades crescem projetando suas estruturas de concreto em direção ao céu, modificando a paisagem natural, outrora verde. Talvez sejam as vitrines e os outdoors, que tentam escandalosamente chamar a atenção para suas ofertas; ou quem sabe sejam as luzes vermelhas das lanternas dos carros num engarrafamento, como se fossem vaga-lumes irritados. Há um layout confuso em toda cidade, típico, que acaba influenciando a relação de moradores com sua urbe; um caos estético, muitas vezes chamado de poluição visual, que se apresenta como a tela ideal para que jovens artistas desenvolvam o grafite: uma expressão artística, uma intervenção urbana, em desenhos ou inscrições pintadas em muros, em prédios, em pontes... Na cidade!
Obra dos grafiteiros "Os gêmeos" interagindo com a cidade - Foto: divulgação
O grafite é arte e não vandalismo, como alguns possam pensar. Marginalizado, em sociedades que preferem enxergar os traços coloridos de spray como depredação de patrimônio, o grafite ainda é uma expressão tímida em Maceió. Pensando em reverter esse quadro e esclarecer a população, os designers gráficos Daniel Melro, Rafaela Calheiros e Vamberg Nunes, do Estúdio Reca, promoveram uma oficina sobre grafite para estudantes da rede pública estadual de Alagoas no Espaço Cultural Linda Mascarenhas.

Estúdio Reca: Rafaela Calheiros, Vamberg Nunes e Daniel Melro
A ideia da oficina surgiu quando o Reca ajudou na realização de uma oficina com o grafiteiro paulista Tatu na Barra de São Miguel. A partir daí, os jovens alagoanos pensaram em compartilhar o conhecimento que adquiriram na prática e com o experiente Tatu. “No estúdio a gente trabalha com muita coisa, desde ilustração, sinalização, a embalagem; e a área do grafite é uma área meio que alternativa, experimental, que a gente curte muito fazer: Inclusive tem um grafite nosso aqui no estacionamento da TVE. Já as oficinas são esporádicas. Com a vinda do Tatu, a gente pode aprender um pouco com ele e agora estamos aqui repassando pro pessoal”, explicou Rafaela.

Antes de partir para a prática, alunos descobrem a história do grafite
Primeiramente, os oficineiros explicaram para os alunos da rede estadual o que era o grafite, seu surgimento, suas características como arte, seus maiores expoentes, a utilidade social do grafite e como essa arte pode interagir com a cidade e seus moradores. Um dos principais pontos debatidos foi sobre a diferença entre o grafite e a pichação. “O grafite é uma manifestação mais elaborada, é mais ou menos passar a arte para o muro, e a pichação não. A pichação é mais pro pessoal que vai falar do time ou fazer uma crítica ao governo, e é proibida... Pra algumas pessoas a pichação não é considerada vandalismo, mas pro governo é, por isso que ela é considerada crime. O grafite já é algo mais artístico”, explica Vamberg.

Alunos atentos à explicação de Daniel
Talvez a maior diferença seja porque o grafiteiro quer interagir com a cidade, não no sentido de sujar um monumento ou destruir a beleza de algo. O grafite quer presentear a cidade com uma obra de arte, que, num pedaço harmonioso de muro, faça seus olhos descansarem do turbilhão de informações visuais da cidade. Para entender isso, basta ver o sorriso orgulhoso com o qual Daniel, o grafiteiro do Reca, fala sobre sua relação com artes urbanas. “Eu sou meio viciado em arte urbana. Desde a época do colégio, eu sempre vivia desenhando durante as aulas. Então dei continuidade nessa parte artística, entrei na área do design gráfico, que tem muito contato com a arte, até que a gente montou o Reca e hoje podemos trabalhar com muitas coisas, com o grafite, por exemplo. Isso é muito gratificante”, comemora.

Rafaela ajuda alunos a deixarem sua arte no muro
Os estudantes aproveitaram bem a troca de conhecimento da oficina. Para Vander Melo, o grafite pode ser uma opção de profissão no futuro. “Eu achei a oficina muito boa. Já tinha treinado um pouco antes, vim pra oficina pra ter um conhecimento maior e poder praticar um pouco. Agora é só procurar um local bom, conseguir uma autorização e grafitar. Ter o grafite como uma profissão seria muito bom, mas quem sabe... talvez pode ser outra área de design”.

Resultado final

Ainda são poucos os grafiteiros em Maceió. Em suas oficinas e no dia a dia de trabalho, o Estúdio Reca vem tentando fazer com que essa manifestação artística tão ligada aos meios urbanos saia da marginalidade e possa virar até uma alternativa profissional para diversos jovens talentosos. A julgar pelo resultado final da oficina, grafitado na parede do jardim do Espaço Linda Mascarenhas, os participantes da oficina se saíram muito bem. Quem sabe esses jovens escutem algum dia a famosa canção Aquarela, de Toquinho e Vinicius de Moraes, e imaginem em um muro qualquer grafitar um sol amarelo.

Nem precisa de legenda...

Conheça mais sobre o Reca: http://reca.com.br/blog/
Você também pode conferir este texto em:
Site do IZP - http://migre.me/5Bym1

1 comentários:

  1. Junior e Diogo

    Parabéns pela iniciativa desse blog.Seria bom se os outros veículos do IZP pegassem carona nessa ideia.

    Abraços

    Ricardo Leal

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