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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Palavra Mínima: Gal Monteiro e Ludmila Monteiro

Gal e Ludmila Monteiro fazem show que mostra que a aptidão artística está no DNA

Diogo Braz

Se algum cientista for investigar a influência do DNA no apreço pelas artes pode tomar como objeto de pesquisa a família Monteiro.  No dia 16 de dezembro de 2011, no palco do Espaço Cultural Linda Mascarenhas, acompanhada por suas filhas Ludmila e Dália, a matriarca Gal Monteiro tinha um brilho a mais no olhar, era a primeira vez que as três compartilhavam da mesma plateia, encerrando a jornada de espetáculos do projeto Palavra Mínima, realizado pelo Instituto Zumbi dos Palmares (IZP) e Cooperativa dos Músicos de Alagoas (Comusa), com o apoio de Secult, FMAC, Sebrae, Mucom e Santorégano.

Gal e Ludmila Monteiro: talento no DNA - Foto de Diogo Braz

O projeto, que teve início em julho de 2011, tem a proposta de levar ao palco duas linguagens como uma mesma expressão, ao apresentar sempre um artista da música e outro da poesia a interagirem num só espetáculo. O encerramento dessa jornada não poderia ter sido em melhor estilo, com o espetáculo DNA, apresentando a música de Gal Monteiro e a poesia de sua filha, Ludmila Monteiro, com a participação da outra filha, mais nova, Dália Monteiro na guitarra, dando ainda mais brilho à noite.
Gal é figura reconhecida no meio artístico alagoano, dona de uma atuação plural no cenário: jornalista; radialista; apresentadora do programa de TV e rádio “Vida de artista”; cantora; compositora; escritora; corista. Tanta aptidão assim para as artes deve estar no DNA, certo? Ludmila comprovou isso mostrando sua bela produção literária no palco do Linda Mascarenhas. Seus textos são bem construídos e possuem uma maturidade de se espantar em tão jovem poetisa. Os versos guardam visões sinceras do cotidiano e são uma forma de Ludmila expressar seus sentimentos. Ela mesma resume o seu processo de criação: “Minhas poesias são um reflexo de coisas que eu vivi ou observei, de sentimentos que tomei emprestado ou de sentimentos que são meus. É uma forma de me expor sem me denunciar tanto... é mais ou menos assim que eu escrevo”, explica.

Gal Monteiro ao lado da sua filha poetisa, Ludmila - Foto de Diogo Braz

Este show foi a estreia de Ludmila nos palcos, declamando suas poesias, e ela esteve bem acompanhada. “Foi incrível! Esse encontro da gente no palco foi tão adiado que eu acabei pondo no patamar do improvável, mas, de certa forma, era uma coisa que a gente sempre teve certeza que aconteceria um dia. E quando aconteceu eu me perguntei ‘e agora, o que eu faço?’ Ainda estou meio ‘travada’, foi incrível”, revela Ludmila. “Foi a primeira vez que eu declamei minhas poesias no palco, então eu acho que estava meio acanhada, mas foi interessante, eu acho que todo poeta deve declamar o que escreveu uma vez na vida”, recomenda a poetisa.
A produção literária de Ludmila, sem fugir da regra das Monteiro, é plural: além de poesia, ela escreve prosa, contos e crônicas. Quem quiser conhecer os escritos da jovem, pode conferir o seu blog, no link http://amor-tecedor.blogspot.com/

Gal Monteiro e a irreverência latina - Foto de Diogo Braz

A parte musical da noite ficou por conta da Monteiro mais experiente. Gal, apesar de atuante e reconhecida no cenário artístico, apresentou uma produção musical interessante e ainda pouco explorada. Acompanhada pelos músicos Deyves (violão), José Rocha (teclados), Batata (percussão), e a participação especial em algumas canções da filha Dália Monteiro (guitarra).
Gal mostrou algumas de suas composições com diversos parceiros, como Júnior Almeida, Fernando Marcelo, Sóstenes Lima e Deyves; composições conhecidas de festivais, na voz de outros artistas, e que soam como uma boa novidade na voz da cantora, surpreendendo o público presente. O jornalista Júlio Arantes cobrou que essa produção seja mais apresentada ao público. “Eu gostei muito. Conheço a Gal há bastante tempo e ela sempre está se esquivando de apresentar suas músicas, de mostrar todo o seu trabalho. E o show foi muito bacana, ela é uma super cantora. Eu tenho de reclamar somente porque ela não grava essas canções. Alguém tem de convencê-la a não deixar isso se perder no limbo da música alagoana”, reclama. Gal fala sobre essa timidez em apresentar sua obra. “Eu sempre fui tímida em relação às minhas coisas. Eu passei muito tempo guardando o que eu fazia até que comecei devagarzinho, arranjei os meus parceiros musicais, e daí junta-se o útil ao agradável e agora eu estou mostrando esse trabalho”, explica.

Dália Monteiro ao lado da mãe, Gal: arte em família - Foto de Diogo Braz

Sobre a música que faz, Gal, que não gosta de rótulos, explica que o seu trabalho acaba expressando um pouco de si mesma. “Eu sou uma pessoa muito eclética. Gosto muito de música latina, então algumas das músicas têm essa pegada latina, isso sempre foi uma marca muito presente na minha vida. Eu também acho que eu sou uma pessoa irreverente, eu gosto de rir de mim, das minhas desgraças, gosto de brincar com essa coisa da sensualidade, é uma ironia, é isso: eu sou uma pessoa irônica”, avalia a cantora.

Três artistas e um mesmo sobrenome: está no DNA- Foto de Diogo Braz

Sobre a experiência de dividir o palco com duas filhas, Gal Monteiro se mostrou satisfeita. “Eu acho que a arte agrega a família dentro de uma perspectiva não de hierarquia entre mãe e filhos, mas como artistas. E é bacana você se ver numa comunidade onde você não deixa de ser a líder natural, mas é também uma pessoa que troca: Eu aprendo muito com elas, não só artisticamente, mas na vida. Eu as admiro muito, sou fã delas. Eu acho que Ludmila escreve divinamente e admiro a obstinação da Dália em aprender violão e guitarra praticamente sozinha. Tenho muito orgulho delas e fiquei super feliz em poder dividir não só a mesa, o pão, mas a arte com elas”, declara a matriarca, que além das duas crias artistas, tem mais dois filhos.
Dália, a mais nova das filhas mulheres, achou a experiência de dividir o palco com a mãe e a irmã muito natural. “Como a ideia do show era ter essa coisa de mãe e filha, DNA... Aí minha mãe pensou em me chamar pra participar também. Essa foi a primeira participação familiar assim em palco, porque em casa isso acontece o dia inteiro”, revela Dália.

Encerramento do Palavra Mínima foi com chave de ouro - Foto de Diogo Braz

Se a rotina na casa da família Monteiro tem sempre o tempero de arte, elas encerraram o projeto Palavra Mínima deixando um gostinho de “quero mais”. No balanço final do projeto, um saldo positivo de ótimas apresentações artísticas de poetas e músicos. O jornalista Marcelo Sandes, presidente do IZP, falou sobre a importância do projeto ao final de sua temporada. “O Palavra Mínima é um projeto importante, que conquistou a simpatia do público por proporcionar um espaço valioso para que se conheça mais de nossos artistas. E o Palavra Mínima soma nesse projeto do IZP de abrir espaço para a gente alagoana, para o produtor alagoano, quem faz música, quem faz arte em nosso estado. Eu já estive conversando com o pessoal da Comusa a respeito da continuidade desse projeto em 2012, mais forte, com mais apoiadores, para que a gente possa sempre levar ao público conteúdos e espetáculos de qualidade”, avalia Sandes, adiantando a forte possibilidade de continuidade de mais uma jornada de música e poesia do Palavra Mínima neste ano. Até lá, você pode conferir aqui nos arquivos deste blog como foi a maioria dos espetáculos do projeto. 

1 comentários:

  1. Dioguito, obrigada pela matéria bem composta e generosa. Por esse olhar claro, sensível, cúmplice. É uma delícia mudar o foco das coisas: eu do lado de lá do microfone e das luzes. Dá medo, mas é uma honra que tenha sido com um jornalista tão competente e preciso e, mais que isso, um artista. Bj, da sua fã.
    Gal Monteiro

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