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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Entrevista: Jorge Tenório


O ouro de Jorge
Jorge Tenório dá entrevista exclusiva sobre seu novo livro

Diogo Braz

O escritor alagoano Jorge Tenório lançou ontem (05/06/12), no Espaço Cultural Linda Mascarenhas, o seu quinto livro, o romance "O ouro do coronel". Para a ocasião, ele preparou uma bonita festa e recebeu os amigos e admiradores de sua obra, numa noite em que a literatura foi a grande homenageada.

Noite repleta de convidados - foto de Diogo Braz

Os elogios sobre o estilo de escrita e escolha das temáticas em suas obras podiam ser escutados em todo o Espaço: um homem que vem marcando seu estilo e se destacando na arte de lidar com as palavras. 
Para falar um pouco mais sobre o seu novo livro e sua relação com a literatura, Jorge Tenório concedeu esta exclusiva entrevista, que pode ser conferida a seguir. Aproveitem!

Este é o seu quinto livro, de onde surge a inspiração para tantas histórias?
Acho que a inspiração vem primeiramente deste dom que Deus me deu de contar histórias e depois da minha experiência de vida, desde a infância até os dias de hoje, vamos vendo e vivendo fatos, acontecimentos, situações interessantes, que merecem ser contadas e que servem de base para a elaboração de uma história, que, dependendo do tamanho, se transforma num conto ou num romance.

A noite também foi de autógrafos - Foto de Diogo Braz

A referência do homem interiorano, da vida sertaneja, parece ser muito forte em sua obra. Como você consegue trazer essas referências para os seus livros mesmo morando em meio urbano?
É que nasci e vivi até os doze anos de idade num povoado no interior de Palmeira dos Índios, depois me mudei para a cidade, mas não deixei de ter contato com o homem interiorano, pois meu pai era  político e sua casa vivia cheia de sertanejos, de gente humilde. Então o jeito de vida simples do homem do campo e seu linguajar autêntico ficaram impregnados na minha cabeça. Aliás, eu próprio sou um homem do campo, carrego dentro de mim as características do sertanejo, apesar de já viver há bastante tempo na capital.

Qual o papel da literatura na sua vida?
A literatura sempre representou muito para mim, desde a minha juventude. Via os meus irmãos e amigos de minha idade saírem para as festas, mas eu preferia ficar na companhia de um romance. Li muito, acho que todos os autores brasileiros e vários de outras nacionalidades. O gosto pela leitura me levou a ousar escrever alguns contos, daí parti para o romance. Escrever para mim se tornou um hábito tal qual caminhar. Todos dois são salutares. Escrever para mim funciona como uma terapia, vou me deliciando enquanto escrevo, não me importanto se os outros, mais tarde, vão rir ou achar interessante também aquilo que escrevi. E para completar digo que a Literatura nos enriquece, ela anda de mãos dadas com a Educação, que, como todos sabem, é o caminho mais curto para o progresso.

O ouro do coronel - Foto de Diogo Braz

Em "O ouro do coronel" a figura do cangaceiro é vista pela população da pequena cidade como a personificação da esperança,. um herói. Como você enxerga esse polêmico paradoxo do fora da lei aclamado pela sociedade, tal qual o fenômeno nacional Capitão Nascimento ou o controverso Lampião?
No meu livro "O ouro do coronel", um coronel tirano oprime os mais fracos, acha-se o dono de tudo e de todos, então acho que é por isso que qualquer um que lhe fizesse oposição, que tivesse realmente condições de vencê-lo, seria aclamado como um herói, mesmo sendo um fora da lei. Acho que foi assim com Lampião e nos dias de hoje com o capitão Nascimento, que simboliza a luta contra o monstro da corrupção e do crime.

Infelizmente, o coronelismo ainda é um tema atual e perturbante na sociedade alagoana. A má distribuição de renda mantém uma elite predominantemente agrária e com poderio político em todo o estado. Como você enxerga essa sociedade e qual a crítica que o seu livro pretende fazer ao atual coronelismo?
Acho que enxergo como a maioria enxerga, ou seja, uma situação extremamente injusta e cruel. São poucos dominando e manipulando a massa. Enquanto isso predominar, viveremos nessa pobreza, nessa falta de esperança de um futuro melhor. Meu livro mostra isso no início do Século XX, mas infelizmente a coisa não mudou muito.

O escritor recebe o carinho do público - Foto de Diogo Braz

Pergunta clichê, mas, infelizmente, ainda necessária em nossa realidade: Quais as dificuldades enfrentadas por um escritor ao publicar o seu livro aqui, em nossa terra?
Isso aí é uma ferida crônica: o tempo passa, o mundo se moderniza, sabe-se que a educação é fundamental para o progresso de um povo, mas cadê que se investe nisso, facilitando a aquisição de um livro, incentivando-se a Literatura? Quando publico um livro, ou sai do meu bolso ou deixo de lado a timidez e a vergonha para pedir um incentivo aos empresários, pois o Estado "nunca tem recursos" para patrocinar a edição de um livro. Se não fossem essas pessoas que se condoem do nosso choro, aí era que as coisas seriam mais difíceis ainda.

Como conhecer mais sobre a sua obra? Onde adquirir seus livros ou obter mais informações sobre o escritor Jorge Tenório?
Dos meus três primeiros romances eu só possuou alguns exemplares em casa (a livraria da EDUFAL deve ter de "O sacripanta"), só existem mais exemplares do romance "Armações do Capeta", que também estão comigo, mas vou distribuir em algumas livrarias da cidade, juntamente com este que estou lançando hoje. É que o patrocínio que consigo só dá para uma edição pequena, com poucos exemplares, 1000 no máximo. Quanto a saber mais sobre minha pessoa, estou à disposição no meu e-mail (jorgetenorioal@yahoo.com.brou pelo Site da Academia Palmeirense de Letras, Ciências e Artes (www.APALCA.com.br). 

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