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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Palavra Mínima: Fernando Marcelo e Maurício de Macedo

Palavra Mínima leva aos palcos a parceria sintonizada entre Fernando Marcelo e Maurício de Macedo.

Diogo Braz

Fruto de uma parceria entre Instituto Zumbi dos Palmares e Cooperativa dos Músicos de Alagoas, e com apoio de Secult, FMAC, Sebrae, Mucom e Santorégano, o Projeto Palavra Mínima continua em sua maratona de espetáculos envolvendo música e poesia no palco do Espaço Cultural Linda Mascarenhas. No dia 21 de outubro, foi a vez dos médicos Fernando Marcelo e Maurício de Macedo mostrarem um pouco de suas versões artísticas ao público.


Instrumentos esperam os artistas para operarem seus ofícios - Foto de Diogo Braz

Médicos e artistas têm algo em comum: enquanto os primeiros cuidam da saúde física das pessoas, os artistas contribuem para a saúde da alma. Quantas vezes, ao se ouvir uma boa música ou ler linhas bem escritas de poemas, sentimo-nos elevados a um estado de espírito ou transportados para um mundo de prazer estético, onde a melodia e o verso agem como um tipo de remédio, melhorando nosso humor, disposição... Do mesmo jeito que na farmacologia, nas artes existem remédios bons e ruins, e a música de Fernando Marcelo e a poesia de Maurício de Macedo enquadram-se na primeira categoria: são ótimos exemplares da arte que nos faz bem.


Sintonia no palco - Foto de Diogo Braz

O músico Fernando Marcelo coleciona em seu currículo participações em projetos como FEMUSESC, Alagoas em Cena e Palco Aberto. Acompanhado pelos excelentes músicos Tony Augusto, na guitarra, Van Silva, no baixo, e Wilson Miranda, na percussão, Fernando fez um show com ritmo e fluidez. Sua música encontra um equilíbrio interessante entre a MPB e o Pop, fazendo com que suas composições tenham potencial para agradar diversos públicos, dos apreciadores mais puristas de MPB aos ouvintes cativos de FM.
Entre uma canção e outra, o poeta Maurício de Macedo declamou suas poesias, sem recursos de dramaturgia; estava ali o verso na voz do poeta, limpo de “firulas”, numa interpretação simples, tendo apenas as palavras como veículo para os sentimentos dos versos. Isso foi importante, pois, de certa forma, o público foi induzido a apreciar a poesia em sua essência.


Poesia em busca da essência das palavras - Foto de Diogo Braz

Macedo foi feliz na escolha dos excertos apresentados, pois havia uma conexão entre os temas das canções e dos poemas, dando ao espetáculo uma noção interessante de afinidade de discurso entre os dois artistas, que foi deixada um pouco de lado em outras edições do projeto. Fernando explicou a intenção da dupla: “Essa unidade foi o nosso objetivo maior. O Maurício, ainda nos ensaios, teve a ideia louvável de pegar o vasto trabalho dele e pescar várias coisas que ele correlacionava com as letras das canções e isso terminou fazendo desse show algo homogêneo, de metáforas que fazem links, de melodia e poesia... Eu achei fantástico”. O poeta completa: “Para não ser uma mera justaposição. A gente pensou em fazer um ‘todo’ integrado, para não ser apenas um ‘todo’ justaposto, mas que houvesse entre a canção e a poesia uma ponte”.


Público aprovou o espetáculo - Foto de Diogo Braz

O poeta Ricardo Cabús, que já se apresentou pelo Palavra Mínima, aprovou a interação da dupla. “O espetáculo foi muito legal. O Fernando e o Maurício fazem uma combinação de poesia e música com um tempero bem legal. Foi uma noite divertida, foi entretenimento com qualidade, tanto na música quanto na poesia”, afirmou Cabús.
Para o professor Stefani Lins, que também esteve presente, pedindo Bis, o projeto serviu para apreciar o trabalho que já conhecia e tomar contato com outra produção artística. “Eu achei interessante essa conjugação de música e poesia. Eu não conhecia o trabalho do Fernando Marcelo ainda e hoje tive oportunidade de conhecer, mas o Maurício de Macedo sempre achei um grande poeta. Foi um espetáculo muito bom!”


Artistas/Médicos em ação - Foto de Diogo Braz

Os artistas da noite também aplaudiram o projeto. “É uma grande iniciativa. É a oportunidade de aproximar a arte de um público mais amplo e isso é valoroso, merecedor de reconhecimento. ‘Palavra mínima’ é a palavra da poesia, que a poesia é a palavra condensada, a palavra enxuta, sem nada de superficial, como se fosse um átomo em fissão nuclear. Então, eu acho que tem tudo a ver com a poesia, pela densidade e pela força que ela expressa”, elogiou o poeta Maurício de Macedo. E o músico Fernando Marcelo também encontrou bons valores no projeto. “É uma iniciativa louvável com uma abrangente força de vontade de todos os envolvidos, e eu acho que é por aí mesmo: numa cidade que tinha hoje vários outros eventos levando público a gente ainda conseguiu com que muita gente viesse para cá, que veio prestigiar e a gente sente que quem veio gostou do que viu e isso nos deixa muito satisfeitos”, conclui o músico.
Sem dúvidas, foi uma noite onde a boa música e a boa poesia foram administradas em altas doses, sem qualquer contra-indicação. 

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